Nos últimos anos, o setor gastronômico tem sido marcado por uma série de tragédias, com chefs e cozinheiros enfrentando sérios problemas de saúde mental. Somente em 2025, cinco mortes foram registradas em Belo Horizonte, levantando questões sobre as condições de trabalho na área. A mais recente vítima foi Aline Elias, proprietária do Santo Boteco, que faleceu em 22 de maio.

Condições de Trabalho e Saúde Mental

Muitos profissionais da gastronomia enfrentam uma rotina repleta de estresse, com jornadas prolongadas e pressão intensa. De acordo com uma pesquisa da organização britânica R;pple, 59% dos trabalhadores do setor de hospitalidade relatam dificuldades de saúde mental vinculadas ao trabalho, com metade admitindo ter pensamentos autodestrutivos.

O Impacto da Cultura de Trabalho

Estudos internacionais indicam que chefs apresentam uma taxa de suicídio significativamente maior do que em outras profissões. Na Nova Zelândia, quase 10% dos chefs entrevistados relataram sofrimento mental, evidenciando a necessidade crítica de abordar essa questão. As representações em filmes e séries, como 'The Bear', demonstram a pressão e os desafios enfrentados por esses profissionais.

Abusos e Desvalorização

Além da saúde mental, a cultura de abusos e a desvalorização dos trabalhadores são preocupações recorrentes. Chefs como Dayana Alves Pereira e Yves Saliba compartilham experiências de ambientes de trabalho tóxicos, caracterizados por assédio moral, longas horas de trabalho e falta de respeito pelos direitos trabalhistas.

Romantização nas Redes Sociais

A pressão não vem apenas do ambiente de trabalho, mas também das expectativas criadas nas redes sociais, onde muitos jovens profissionais têm a ilusão de que a carreira na gastronomia é glamourosa e sem desafios. Críticas dos clientes, muitas vezes desproporcionais, contribuem ainda mais para a pressão sobre os chefs.

A Necessidade de Regulamentação e Apoio

Há uma falta de regulamentação no setor, com diversos projetos de lei buscando abordar questões como a formação e a proteção dos trabalhadores da gastronomia, mas com pouca efetividade até o momento. A carência de políticas públicas e suporte legal é um fator que agrava as condições de trabalho na área.

Conclusão

A realidade dos chefs e cozinheiros no Brasil é repleta de desafios, exigindo uma reavaliação urgente das condições de trabalho e saúde mental no setor. A transformação deste ambiente de trabalho requer um esforço coletivo, visando melhorar a qualidade de vida dos profissionais e, consequentemente, a experiência de todos que desfrutam da gastronomia.