Saulo Jennings, nascido e criado em Santarém, no Pará, tornou-se referência quando o assunto é a culinária regional da Amazônia. Reconhecido por sua dedicação à valorização dos ingredientes e tradições locais, o chef é responsável por levar a cozinha do Rio Tapajós para diferentes partes do Brasil, incluindo cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Ele ainda pretende expandir sua atuação, abrindo uma unidade em Belo Horizonte.

Trajetória e inspiração

Desde pequeno, Saulo teve contato com a gastronomia acompanhando o pai na cozinha. Sua carreira, porém, começou em outro caminho: formado em administração, trabalhou durante anos em multinacionais até decidir apostar no próprio negócio. O início foi modesto, com um restaurante aberto na varanda de casa na comunidade de São Francisco do Carapanari, às margens do Tapajós, e poucos recursos. Com perseverança, superou dificuldades e consolidou o restaurante Casa do Saulo, que hoje é referência e movimenta o turismo gastronômico na região.

Expansão e reconhecimento

Com o sucesso do restaurante em Santarém, Saulo expandiu seus negócios para Belém, Rio de Janeiro e São Paulo, levando a culinária paraense a novos públicos. Em 2024, recebeu o prêmio de melhor chef do Brasil pela revista Prazeres da Mesa e, há nove meses, tornou-se o primeiro Embaixador Gastronômico da ONU Turismo no mundo. Seu maior objetivo é incentivar o público a conhecer a cultura paraense e valorizar a gastronomia amazônica em escala nacional e internacional.

Cardápio regional e tradição

No Casa do Saulo, o cardápio destaca peixes amazônicos como o pirarucu, tambaqui e surubim, além de pratos tradicionais como a moqueca, o piracaia e o charutinho. Os ingredientes são provenientes de comunidades ribeirinhas e o preparo segue técnicas ancestrais, como a ticação dos peixes e o uso de cuias para servir acompanhamentos. Sobremesas e bebidas também ressaltam sabores regionais, como o tiramisu de bacuri e drinques com taperebá e cupuaçu.

Relação com Belo Horizonte e projetos futuros

Saulo mantém uma relação de carinho com Minas Gerais e revela o desejo de abrir um restaurante em Belo Horizonte, buscando adaptar receitas para agradar ao paladar mineiro. Ele planeja inaugurar um complexo gastronômico em Santarém, com espaço para eventos, restaurante, bar, sorveteria, cafeteria e hamburgueria, além de fortalecer o apoio a produtores locais e comunidades ribeirinhas.

Sustentabilidade e apoio às comunidades

O chef prioriza a compra de ingredientes de pequenos produtores e defende práticas sustentáveis, como o manejo responsável do pirarucu. Ele destaca que "o ecossistema todo é que vai fazer diferença", ressaltando o trabalho conjunto com famílias ribeirinhas e agricultores, que fornecem produtos como tucupi, goma de tapioca, farinha e mel de abelhas nativas.

Cultura e ancestralidade à mesa

A cozinha de Saulo é um reflexo das múltiplas origens de sua família e das tradições indígenas, quilombolas e ribeirinhas da Amazônia. Ele aposta na coletividade e no resgate de saberes para manter viva a cultura alimentar do Pará. "O maior propósito hoje de montar restaurantes fora do Pará é, desculpa a expressão, ser isca. Que a pessoa prove e queira conhecer in loco de onde veio essa gastronomia, que cultura é essa", afirma Saulo Jennings.