{{noticiaAtual.titulo}}

Fonte da imagem: https://midias.em.com.br/_midias/jpg/2025/07/17/1200x720/1_somos_um_ticiane_rolim_queiroz_e_voluntario-56686812.jpg?20250717085646?20250717085646
Número de bilionários cresce no Brasil, mas famílias ricas ainda doam pouco, diz estudo
Apesar do aumento no número de bilionários, o investimento das famílias ricas em filantropia no Brasil permanece baixo, segundo pesquisa do Idis.
SÃO PAULO, SP (TV Sim Brasil) - A leitura do livro "Um mundo sem pobreza", do economista e ganhador do Nobel da Paz Muhammad Yunus, emocionou Ticiana Rolim Queiroz, 43 anos, que sentiu que o autor expressava um desejo que ela também tinha: transformar a pobreza em algo do passado. Motivada por essa ideia, Ticiana ampliou seu engajamento em causas sociais, indo além das doações esporádicas e do voluntariado praticado desde a infância, e fundou em 2017 a Somos Um, uma organização que articula negócios de impacto no Nordeste.
Decisão de Vida e Atuação
"Decidi que não iria mais acumular riqueza. Parei de trabalhar na empresa da família e foquei na Somos Um de forma voluntária, doando meu serviço e tempo", afirma Ticiana, que também lidera o Zunne, programa de investimento em parceria com a Yunus Social Business e a Trê Investindo com Causa. Herdando o grupo C. Rolim Engenharia, ela optou por retirar investimentos de empresas tradicionais como Vale e Petrobras para direcioná-los a negócios de impacto focados em energia limpa, reflorestamento e outras causas socioambientais.
Filantropia Estratégica no Brasil
Ticiana defende uma filantropia estratégica, que busca soluções estruturantes para problemas sociais no país, em contraste com ações puramente assistenciais. Sua família planeja criar um instituto para investir socialmente e servir de exemplo para outras famílias.
Cenário da Filantropia Familiar
Um estudo recente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), divulgado no final de junho, aponta que a filantropia familiar no Brasil cresce em ritmo lento, não acompanhando o aumento das fortunas. Em 2022, institutos e fundações familiares investiram R$ 388 milhões, o que corresponde a apenas 8% das doações totais de R$ 4,8 bilhões mapeadas – o menor percentual nos últimos quatro anos.
Riqueza Crescente e Doações Baixas
Em 2024, o número de bilionários brasileiros atingiu 69, um aumento de 13% em relação a 2023, quando eram 61, segundo a Forbes. Juntos, possuem aproximadamente R$ 1,16 trilhão. Além disso, o Brasil conta com 433 mil milionários com patrimônio acima de R$ 5,5 milhões, colocando o país na 19ª posição no ranking global de milionários, de acordo com o Global Wealth Report do banco suíço UBS.
Desafios para a Filantropia
O levantamento do Idis, que entrevistou 35 filantropos com doações anuais superiores a R$ 5 milhões, identificou obstáculos para o crescimento das doações familiares. Entre eles, a desconfiança em relação às organizações da sociedade civil, citada por 20% dos entrevistados, devido à percepção de falta de capacidade de gestão e dificuldade em gerar impacto eficiente. Outros desafios incluem a ausência de incentivos fiscais adequados para doações por pessoas físicas (17%) e o desconhecimento sobre causas e instituições a apoiar (3%).
Leis e Comportamentos de Doação
Paula Fabiani, CEO do Idis, observa que "as leis de incentivo, embora benéficas, são burocráticas e difíceis de usar, o que dificulta a ampliação das doações". Além disso, muitos doadores preferem manter discrição sobre suas contribuições por questões de segurança pessoal e patrimonial, um comportamento mais comum na América Latina.
Temas e Gerações na Filantropia
No Brasil, a educação lidera as doações familiares, mas temas como meio ambiente e sustentabilidade vêm ganhando espaço, apontados por 26% dos entrevistados. Conflitos geracionais também são um fator, com os jovens mais abertos à inovação e pautas contemporâneas, enquanto os mais velhos prezam por prudência, devido a preocupações jurídicas e reputacionais. Para superar essas diferenças, famílias estruturadas têm criado conselhos com representantes de diversas gerações.
Perspectivas para o Futuro
Ticiana Rolim destaca que "para as gerações mais jovens, especialmente as mulheres, a forma de olhar o dinheiro é diferente, muito mais inclusiva e colaborativa". O Idis sugere medidas para ampliar e qualificar a filantropia no país, como sensibilizar novos doadores, capacitar conselheiros, melhorar o ambiente regulatório e fiscal, diversificar instrumentos financeiros e fomentar coalizões intersetoriais que gerem impacto em escala.