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Morre o cineasta Jean-Claude Bernardet, aos 88 anos
Nascido na Bélgica e radicado no Brasil desde a infância, o cineasta estava internado no Hospital Samaritano em São Paulo
Faleceu no sábado, 12 de julho de 2025, o cineasta Jean-Claude Bernardet, aos 88 anos, uma das figuras mais influentes do cinema brasileiro. Bernardet teve uma carreira multifacetada como crítico, roteirista, ator, professor e teórico, deixando uma profunda marca na história do audiovisual nacional.
Vida e trajetória
Nascido na Bélgica, Jean-Claude Bernardet passou a infância em Paris antes de se mudar para o Brasil aos 13 anos. Ele se destacou como uma figura central na formação do pensamento crítico sobre o cinema nacional. Formado em artes gráficas pelo Senac, seu legado inclui uma significativa produção acadêmica e ensino na Universidade de São Paulo (USP), além de suas contribuições como escritor de críticas para o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo.
Desafios e militância
Durante a ditadura militar, Bernardet foi cassado pelo AI-5 em 1969 e afastado da USP, onde foi reintegrado somente com a Lei da Anistia em 1979. Ele era abertamente homossexual e enfrentou ataques pessoais ao longo da vida devido à sua defesa de ideais progressistas e militância de esquerda.
Condições de saúde e falecimento
Jean-Claude Bernardet estava internado no Hospital Samaritano, em São Paulo. Vivendo com HIV, ele também enfrentava uma degeneração ocular que afetou sua visão e um câncer reincidente na próstata, condição que optou por não tratar com quimioterapia. A confirmação de sua morte foi feita pelo cineasta Fábia Rogério, que esteve com ele no hospital. O velório será realizado na Cinemateca Brasileira, porém o horário ainda não foi informado.
Legado e obras
Bernardet deixa uma filha, Lígia, fruto de seu casamento com Lucia Ribeiro. Entre suas principais obras sobre cinema destacam-se: "Brasil em Tempo de Cinema" (1967), "Trajetória Crítica" (1978), "Cinema Brasileiro: Propostas para uma História" (1979, com reedição em 2009), "O Que é Cinema" (1980), "Piranhas no Mar de Rosas" (1982) e "Cineastas e Imagens do Povo" (1985, com edições ampliadas em 2003/2004), entre outras.
Além das obras teóricas, produziu também trabalhos literários de ficção e memória, como "Guerra Camponesa no Contestado" (1979), "Aquele Rapaz" (1990) e "Os Histéricos" (1993).
Jean-Claude Bernardet foi um nome fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico e teórico do cinema no Brasil, deixando um legado que continuará influenciando gerações.