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Ana Maria Gonçalves é a primeira escritora negra eleita para a Academia Brasileira de Letras
Mineira autora do romance 'Um Defeito de Cor' ocupa cadeira 33 na ABL, tornando-se a primeira mulher negra na instituição em 128 anos
A escritora mineira Ana Maria Gonçalves, natural de Ibiá e com 54 anos, foi eleita nesta quinta-feira para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Com 30 dos 31 votos possíveis, ela ocupará a cadeira 33, sucedendo o professor e filólogo Evanildo Bechara (1928-2025). Ana Maria Gonçalves tornou-se a primeira mulher negra a integrar a ABL em seus 128 anos de existência e também é a mais jovem da atual composição da Academia.
Sobre a obra 'Um Defeito de Cor'
Autora do livro "Um Defeito de Cor", lançado em 2006, Ana Maria Gonçalves escreveu um romance que se tornou um clássico contemporâneo, com mais de 180 mil cópias vendidas. A obra foi até utilizada como enredo da escola de samba Portela no Carnaval do Rio de Janeiro em 2024. Com 952 páginas, o romance aborda a história do povo negro no Brasil, a influência das religiões de matriz africana e a Revolta dos Malês, uma rebelião de escravizados ocorrida na Bahia em 1835.
Pesquisa e processo de escrita
Para escrever o livro, Ana Maria Gonçalves deixou o trabalho em uma agência de publicidade e mudou-se para a Bahia para pesquisar a Revolta dos Malês, inspirada por um trecho do escritor Jorge Amado. Ela trabalhou por cinco anos no romance, reescrevendo o texto dezoito vezes até atingir sua satisfação com o resultado. A narrativa acompanha a busca de uma ex-escravizada, Kehinde (ou Luisa), por seu filho livre que foi vendido pelo pai. A autora cria passagens e centenas de personagens, contextualizando eventos históricos que marcaram o Brasil, a Europa e a África no século XIX, com uma prosa clara e fluente.
Temas e impacto do romance
O livro destaca a influência da escravidão na formação do Brasil e como a riqueza do país foi produzida pela exploração de corpos negros durante 400 anos, refletindo até hoje nos efeitos do racismo. A protagonista é apresentada com sinceridade, mostrando imperfeições e características de seu tempo, sem idealizações. "Um Defeito de Cor" é um testemunho da complexidade da história brasileira e das experiências dos povos negros.