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Como o Brasil poderia retaliar os EUA após tarifas de Trump
Lula afirma que qualquer aumento unilateral de tarifas será respondido conforme a Lei brasileira de Reciprocidade Econômica
O governo brasileiro está avaliando as medidas para responder à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado americano, válida a partir de 1º de agosto. Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a primeira ação será formar um grupo com empresários dos setores exportadores relevantes, como suco de laranja, aço e a Embraer, para analisar o impacto e buscar alternativas, como a diversificação de mercados.
Reação oficial e diálogo com a OMC
Lula também declarou que o Brasil buscará uma avaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar resolver a questão. "A partir daí, se não houver solução, nós vamos entrar com a reciprocidade já a partir do 1º de agosto, quando ele começa a taxar o Brasil", afirmou. A Lei brasileira de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril, permite que o país responda a barreiras comerciais unilaterais impostas por outras nações, incluindo a imposição de restrições, sobretaxas, suspensão de acordos comerciais e direitos de propriedade intelectual.
Possíveis formas de retaliação
Apesar da lei permitir contramedidas, especialistas avaliam que uma retaliação direta poderia prejudicar o Brasil, dado o volume e a importância das relações comerciais com os EUA. Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais, avalia que "a resposta mais óbvia, a retaliação, viria com o Brasil impondo tarifas recíprocas ou semelhantes a produtos americanos", mas ressalta que essa não seria a melhor estratégia por ser uma disputa desigual. Ele sugere que o Brasil tente mobilizar parlamentares e empresários americanos para pressionar Trump, pois "Trump só escuta empresários americanos que eventualmente liguem pra ele e falem 'isso está nos prejudicando'".
Contexto das tarifas e impacto econômico
Os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras, principalmente de produtos manufaturados como aço, petróleo, aeronaves, celulose, café, carne e suco de laranja. A nova tarifa dos EUA representa um aumento expressivo, passando de 10% para 50%. O governo brasileiro contesta o argumento dos EUA sobre o déficit comercial, afirmando que os dados oficiais indicam superávit americano no comércio bilateral nos últimos 15 anos. A carta de Trump também traz acusações políticas relacionadas a processos no Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Repercussão diplomática e consequências
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA para esclarecimentos, demonstrando o descontentamento brasileiro. A embaixadora Maria Luisa Escorel classificou a carta de Trump como ofensiva e cheia de erros factuais. O professor Poggio classificou a medida americana como uma sanção econômica com motivação política, destacando que é um fato inédito entre aliados e amigos históricos. O economista Paul Krugman criticou a ação de Trump, chamando-a de "megalomaníaca" e apontando uma mudança de rumo na política tarifária dos EUA.
Alternativas para o Brasil
O Brasil poderá buscar ampliar suas exportações para outros mercados, como a China, embora ressalte a diferença na composição dos produtos exportados. O governo também considera a possibilidade de unir forças regionalmente com outros países, como o México, para pressionar os EUA. A estratégia oficial, por ora, é conciliar medidas legais, diplomáticas e econômicas para minimizar os efeitos das tarifas e evitar uma escalada na guerra comercial.