{{noticiaAtual.titulo}}

Fonte da imagem: https://midias.em.com.br/_midias/jpg/2024/04/09/1200x720/1_real_moeda_dinheiro_mcajr_2904223671-36070479.jpg?20250710143355?20250710143355
Sobretaxas de 50% aos produtos brasileiros podem reduzir PIB em até 0,5 ponto percentual, estima XP
Impacto das sobretaxas anunciadas pelos EUA deve diminuir crescimento econômico e gerar incertezas no mercado brasileiro
As sobretaxas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros podem afetar o PIB do Brasil ainda em 2025. A XP Investimentos prevê que até dezembro o impacto será de cerca de 0,3 ponto percentual, fazendo com que a expectativa de crescimento da economia caia de 2,5% para 2,2%. Para 2026, a redução estimada é de 0,5 ponto percentual, ajustando a projeção de alta de 1,7% para 1,2%.
Estimativas e fatores considerados
A análise foi apresentada pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, durante entrevista coletiva. O cálculo assume que as sobretaxas permanecerão inalteradas e que o governo brasileiro não adotará medidas de retaliação, embora esses cenários possam mudar conforme o desenrolar das negociações e a postura do governo americano.
Setores afetados e comércio exterior
Segundo Megale, os efeitos diretos sobre a balança comercial não devem ser tão expressivos, diferentemente do impacto sobre bens manufaturados, que são os mais prejudicados. Produtos agrícolas e commodities podem ser redirecionados para outros parceiros comerciais, mas a indústria de transformação terá dificuldade para substituir o mercado americano, dado que sobretaxas de 50% tornam a competitividade inviável.
Ele afirma que "sobretaxas de 50% matam o produto. Os compradores provavelmente vão pegar de outro lugar e não vão pagar 50% a mais pelo produto brasileiro, ainda que seja bom". As exportações brasileiras para os EUA representam cerca de 2% do PIB, sendo 53% bens manufaturados, 28% produtos agrícolas e o restante petróleo e derivados.
Impacto indireto no mercado e inflação
Além do efeito direto no comércio, a incerteza gerada pelas medidas dos EUA provoca volatilidade cambial e aumento das taxas de juros de longo prazo. O dólar, por exemplo, atingiu R$ 5,60 recentemente, após ter caído para R$ 5,40 na semana anterior.
Essa instabilidade pode elevar a inflação no Brasil, afetando negativamente o consumo e, consequentemente, o PIB. Caso o governo brasileiro decida retaliar com sobretaxas similares, o impacto pode ser ampliado, especialmente em setores como remédios, produtos químicos, plásticos, embalagens e combustíveis, aumentando ainda mais a inflação.
Perspectivas e comparações com outras instituições
O J.P. Morgan tem uma estimativa mais pessimista, prevendo impacto entre 0,8% e 1,2% do PIB, mas mantém cautela nas previsões devido à incerteza na política comercial dos EUA. A expectativa é de que negociações possam ocorrer para ajustar tarifas e prazos, como já aconteceu com outros parceiros comerciais.
Caio Megale ressalta que o Banco Central pode adotar uma postura mais conservadora diante do cenário de inflação mais alta e câmbio depreciado, embora a previsão atual seja de redução dos juros a partir de janeiro do próximo ano, porém com um choque negativo na oferta e redução marginal do crescimento econômico.