{{noticiaAtual.titulo}}

Fonte da imagem: https://medias.itatiaia.com.br/dims4/default/9d72c07/2147483647/strip/true/crop/1199x675+1+0/resize/1000x563!/quality/90/?url=https%3A%2F%2Fk2-prod-radio-itatiaia.s3.us-east-1.amazonaws.com%2Fbrightspot%2Fbe%2F8c%2F71571e284a2085f2917c54698f61%2Fdesign-se
Trigo forrageiro apresenta maior resistência às geadas no Sul do Brasil
Pesquisa da Embrapa destaca as vantagens do trigo em relação à aveia para produção de forragem no inverno
A oferta de forragens para a pecuária no Sul do país foi impactada pelas geadas ocorridas entre junho e julho. Contudo, as pastagens de trigo têm demonstrado maior tolerância a essas condições climáticas adversas.
Contexto da produção de forragem no Sul
Na região, a principal base forrageira no inverno é composta por aveia, trigo e azevém, predominando nas propriedades dedicadas à criação de bovinos. Segundo o pesquisador Renato Serena Fontaneli, da Embrapa Trigo, a aveia preta é a cultura de inverno mais sensível às geadas, seguida pela cevada e aveia branca.
Fontaneli explica: "A geada costuma afetar a aveia, causando o crestamento das plantas. Quando a geada é seguida de dias ensolarados, a planta pode se recuperar entre quatro a sete dias, mas o crescimento é mais lento, devido às baixas temperaturas e dias curtos, até a plena oferta de forragem de aveia". Por outro lado, o azevém, muitas vezes semeado junto com a aveia em março ou abril, produz forragem apenas no final do inverno.
O pesquisador recomenda um planejamento forrageiro diversificado, com várias espécies adaptadas, incluindo gramíneas e leguminosas como festuca, ervilhacas, trevos e cornichão, para melhorar a disponibilidade ao longo do ano.
Características do trigo forrageiro
A Embrapa trabalha no desenvolvimento de cultivares de trigo forrageiro desde a década de 1980, cruzando variedades de primavera e inverno para obter plantas com desenvolvimento vegetativo prolongado, capazes de resistir a períodos prolongados sob neve e rebrotar após o degelo.
Esses trigos "alternativos" possuem maior necessidade de vernalização, ou seja, exigem exposição a temperaturas baixas. O crescimento mais lento dessas cultivares permite uma maior duração do período vegetativo, que pode chegar a 112 dias, o dobro do trigo destinado à produção de grãos.
A semeadura antecipada em março ou abril possibilita vários ciclos de pastejo até outubro ou novembro. Após cada corte, o trigo rebrota vigorosamente, especialmente com adubação nitrogenada, e apresenta boa recuperação mesmo após geadas.
O pesquisador Ricardo Lima de Castro afirma que "geralmente as geadas não causam danos em trigo quando ocorrem antes do emborrachamento (cerca de 70 dias após a emergência)" e que a sensibilidade aumenta após esse estágio. Ele ressalta que a genética das cultivares é determinante para a resistência, e que o trigo forrageiro é aprimorado para tolerar temperaturas baixas.
Comparação com a aveia preta
A aveia preta, apesar da sensibilidade ao frio, é bastante utilizada devido ao menor custo da semente, que custa cerca de metade do valor da semente de trigo. Contudo, a produção de forragem da aveia preta é quase 70% inferior à do trigo.
O engenheiro agrônomo Marcelo Klein explica: "A aveia preta tem desenvolvimento inicial rápido, mas sua produção máxima ocorre em dois a três meses, entrando em declínio depois, o que requer nova semeadura para manter a oferta no inverno. O trigo mantém uma oferta constante, com rebrote vigoroso após cada pastejo".
Experimentos na Embrapa Trigo, que simularam nove ciclos de pastejo de março a novembro, indicaram que o trigo forrageiro produz em média 900 kg de matéria seca por corte, enquanto a aveia produziu 533 kg MS por corte.
Em relação ao manejo fitossanitário, as exigências são semelhantes, mas o trigo demanda mais reposições de adubação, especialmente após cada pastejo, devido ao maior tempo de produção de biomassa.