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Fonte da imagem: https://www.otempo.com.br/content/dam/otempo/editorias/neg%C3%B3cio%20e%20franquia/2025/7/neg%C3%B3cio%20e%20franquia-mercado-de-trabalho-perde-qualifica--o-com-jovens-que-desistem-do-ensino-superior-1752522007.jpg
Apostas online afastam jovens da faculdade e dificultam entrada no mercado de trabalho
Pesquisa revela que 1 em cada 3 jovens entre 18 e 35 anos adia a graduação devido aos gastos com jogos de azar, impactando também o desempenho acadêmico dos universitários
Quase 1 milhão de jovens pode deixar de ingressar na faculdade em 2025 por conta dos gastos com apostas online, um fenômeno que até pouco tempo parecia inusitado. Um estudo realizado com mais de 11 mil pessoas entre 18 e 35 anos mostra que 1 em cada 3 brasileiros dessa faixa etária adiou a graduação por causa dos investimentos em jogos de azar, como o popular Fortune Tiger.
Impacto regional e no mercado de trabalho
O problema é mais intenso nas regiões Sudeste e Nordeste, onde os índices chegam a 41% e 44%, respectivamente. Essa situação preocupa o setor educacional e o mercado de trabalho, que já enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra qualificada em áreas técnicas e profissionais. Conforme levantamento do ManpowerGroup, 81% das empresas brasileiras relatam escassez de talentos com as competências necessárias, percentual que supera a média global de 74%, colocando o Brasil entre os países com maiores desafios nesse quesito.
Efeito das apostas no desempenho acadêmico
Além de atrasar o início da faculdade, as apostas online têm prejudicado o rendimento dos universitários. O estudo indica que 14% dos estudantes já atrasaram o pagamento das mensalidades ou precisaram trancar o curso devido à dificuldade de conciliar os gastos com os jogos. O impacto é ainda maior entre jovens das classes D e E, onde 43% afirmam que só conseguiriam continuar os estudos se parassem de apostar.
Consequências financeiras e sociais
O gasto médio mensal dos apostadores aumentou, com 45% comprometendo mais de R$ 350 por mês, um crescimento de 14 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Essa mudança de hábitos afeta também a vida social e a saúde dos jovens: cerca de 28% deixaram de sair com amigos para jogar, e 24% abandonaram atividades físicas, como a academia, devido ao vício. O perfil predominante é de homens entre 26 e 35 anos, trabalhadores, com filhos, que apostam até três vezes por semana.
Bloqueio à mobilidade social e alertas de especialistas
O uso do dinheiro que poderia ser investido em qualificação, transporte ou alimentação para bancar as apostas pode representar uma barreira à mobilidade social, especialmente em um país onde o diploma universitário é um dos principais meios de ascensão econômica. Especialistas alertam para o risco de uma geração perder oportunidades de inserção qualificada no mercado de trabalho, muitas vezes em troca da ilusão de ganho fácil.
Enquanto a publicidade das casas de aposta domina estádios, influenciadores e redes sociais, os dados evidenciam um cenário de evasão e estagnação educacional e profissional. O que inicialmente parecia uma diversão inofensiva tornou-se um obstáculo real para o desenvolvimento de milhares de jovens.