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Fotógrafa mineira tem trabalho exposto na Biblioteca Nacional da França
Oito fotos de Isis Medeiros que retratam a tragédia da Barragem do Fundão, em Mariana, integram o acervo da Biblioteca Nacional da França
Nos escombros de uma sala de aula, o globo terrestre partido ao meio caído ao chão exibe o mapa do Brasil de cabeça para baixo, em uma das imagens impactantes da fotojornalista Isis Medeiros.
Reconhecimento internacional
O olhar sensível da fotógrafa de Ponte Nova, Isis Medeiros, se destaca ao eternizar instantes e atmosferas em suas fotos, capacidade que lhe rendeu a inclusão de oito de suas fotografias no acervo da Biblioteca Nacional da França (BnF) em junho. Com 35 anos, Isis tem seu trabalho lado a lado com ícones da fotografia mundial como Henri Cartier-Bresson, Man Ray e Sebastião Salgado.
Acervo da Biblioteca Nacional da França e temática fotográfica
A BnF possui um vasto acervo de fotografias latino-americanas, com destaque para obras brasileiras, acumulado desde os anos 1970 graças ao colecionador Jean-Claude Lemagny. São cerca de 1.400 obras que documentam evolução social, diversidade comunitária e questões ecológicas. O trabalho de Isis se enquadra nessa última categoria, especialmente por tratar dos impactos da tragédia ambiental provocada pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana.
Tragédia da Barragem de Mariana e o livro "15:30"
As fotos de Isis fazem parte da série publicada no livro "15:30", título que remete ao horário exato do desastre ocorrido em 5 de novembro de 2015. Cerca de 60 milhões de metros cúbicos de lama tóxica inundaram o Rio Doce e destruíram comunidades locais, causando mortes e danos ambientais graves em Minas Gerais e Espírito Santo.
Memória e denúncia social
Isis destaca que "a fotografia tem o papel de manter viva a memória de uma sociedade e também de mostrar as contradições dessa sociedade". Ela relata que, quase dez anos depois, o desastre e seus efeitos continuam, com falta de avanços nas políticas de mineração e descaso do Estado com os atingidos. A fotojornalista segue acompanhando os desdobramentos e denunciando a situação.
Registro e experiência da fotógrafa
Ao saber do rompimento, Isis partiu de Belo Horizonte para Mariana por conta própria, sem vínculo com veículos de imprensa, para registrar a tragédia. Seu objetivo era oferecer os registros para jornais brasileiros e internacionais. Inicialmente prevista para uma semana, sua estadia se estendeu para acompanhar a situação dos moradores, ainda afetados pela catástrofe.
Detalhes que revelam o impacto
O trabalho de Isis não banaliza o sofrimento nem faz sensacionalismo. Ela foca em detalhes subjetivos, como casas destruídas cobertas de lama, paredes manchadas e marcas na vegetação que indicam a altura da lama. Uma das imagens mais simbólicas mostra uma biblioteca soterrada com a frase na parede: "Aqui morreu uma biblioteca".
Colapso e humanismo
Denise Zanet, diretora do Initial Labo Métropole, responsável pelo programa que selecionou as fotos para a BnF, comenta que Isis "confronta o colapso do sistema produtivo frente às urgências ecológicas e destaca a urgência do humanismo e empatia no mundo atual". Além de Isis Medeiros, a BnF também incorporou obras de outros fotógrafos brasileiros contemporâneos ao seu acervo.