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150 anos de 'Escrava Isaura': o romance brasileiro que conquistou o mundo
Obra de Bernardo Guimarães inspira novela de sucesso internacional e marca a história da literatura e televisão brasileiras
Em 2025, o romance 'A Escrava Isaura', de Bernardo Guimarães, completa 150 anos de sua publicação. A obra, que retrata a trajetória de uma escrava branca no Brasil do século XIX, tornou-se um dos maiores sucessos da literatura nacional e ganhou ainda mais notoriedade ao ser adaptada para a televisão pela TV Globo, alcançando mais de 120 países.
Contexto histórico e literário
Bernardo Guimarães nasceu em Ouro Preto (MG) em 1825 e publicou 'A Escrava Isaura' em 1875, durante a campanha abolicionista que culminaria 13 anos depois na assinatura da Lei Áurea. O livro narra a história de Isaura, filha da escrava Juliana e do feitor Miguel, que cresce numa fazenda em Campos dos Goytacazes (RJ). Isaura perde a mãe e é criada por Ester, esposa do comendador Almeida, que promete libertá-la antes de morrer. Entretanto, após a morte de Ester, Leôncio, filho único do casal, se recusa a cumprir a promessa e mantém Isaura como escrava.
A trajetória televisiva
A adaptação do romance para a televisão foi idealizada por Eneida do Rego Monteiro, professora de literatura, e escrita por Gilberto Braga. A novela foi ao ar entre outubro de 1976 e fevereiro de 1977, com Lucélia Santos no papel principal. Sob direção de Herval Rossano, Escrava Isaura ganhou ajustes em relação ao livro, como a criação de novos personagens e mudanças em desfechos, notadamente influenciados pelas exigências da censura da época.
Sucesso internacional e impacto cultural
O sucesso da novela foi estrondoso, alcançando recordes de venda internacional. Lucélia Santos foi recebida como celebridade em viagens ao exterior, como na China, onde ganhou o troféu Águia de Ouro após receber 300 milhões de votos do público. O fenômeno se espalhou por mais de 120 países, com destaque para países europeus, africanos e da antiga Cortina de Ferro. Na Polônia, houve até concurso de sósias de Lucélia Santos e Rubens de Falco, finalizado em um estádio de futebol.
Representações e críticas
A novela inspirou estudos acadêmicos e debates sobre a forma como a escravidão foi retratada na teledramaturgia. Especialistas apontam que a obra apresenta um olhar romantizado sobre o período escravagista, frequentemente colocando personagens brancos como protagonistas da libertação, enquanto minimiza atos de resistência dos próprios negros. "Durante décadas, Escrava Isaura representou o retrato da escravidão no Brasil. É uma novela que retrata o passado escravagista a partir de um discurso romantizado", analisa a jornalista Luciana Barros Góes.
Legado e repercussões
O êxito de Escrava Isaura abriu portas para outras novelas brasileiras no mercado internacional e estabeleceu um novo padrão para a exportação de teledramaturgia nacional. O enredo, centrado na luta entre opressores e oprimidos, conquistou públicos diversos e permanece como referência cultural até hoje. A história já foi adaptada outras vezes, incluindo uma versão da Record em 2004, e segue sendo reexibida em várias emissoras.