O azeite gaúcho Estância das Oliveiras brilhou no Brasil ao conquistar sete medalhas no TerraOlivo 2025, Concurso Mundial do Mediterrâneo, conhecido como o “Oscar” dos azeites. A fazenda, 100% familiar, está localizada em Viamão, a 28 quilômetros de Porto Alegre, e soma 88 medalhas este ano em concursos mundiais renomados.

História e origem

A Estância das Oliveiras foi fundada por Lucídio Goelzer, que, após trabalhar no comércio exterior e viajar experimentando azeites de alta qualidade, percebeu uma carência desse padrão no Brasil. Segundo seu filho e diretor Rafael Goelzer, a indignação do pai virou ação: “Ele chegou: ‘Olha, eu vou parar de reclamar e eu vou produzir o meu próprio azeite’. A ideia inicial era produzir para a família, não comercializar.”

Por volta de 2004, Lucídio identificou o potencial da região da fazenda para se tornar uma unidade de pesquisa da olivicultura brasileira, conseguindo, após insistência, a instalação de uma unidade da Embrapa na propriedade. Com investimento próprio, plantaram mil árvores além das iniciais 35 da pesquisa, tornando-se a melhor unidade de pesquisa em cinco anos.

Produção e reconhecimento

A produção do azeite começou após a comprovação das qualidades da região. André Goelzer, irmão de Rafael, formou-se mestre lagareiro na Itália para operar as máquinas usadas na extração da azeitona. A marca foi lançada oficialmente em 2019, ano em que participaram da primeira premiação.

“Nosso objetivo com a participação não é acumular medalhas, mas avaliação. Queremos submeter o azeite aos paladares mais rigorosos do planeta para avaliar cada safra”, explicou Rafael. Desde então, já conquistaram mais de 250 medalhas. No Ranking Mundial de Azeites 2024, a Estância foi eleita a marca mais premiada do Brasil e a 5ª no mundo.

O segredo do sucesso

Rafael Goelzer detalhou o que torna o azeite tão especial: “É a complexidade desse azeite com zero defeito. Ele alcança de 12 a 14 notas de sabor diferentes, como ervas frescas, amêndoa, picância, frutas diversas, numa verdadeira explosão de sabores em uma única garrafa.”

Essas notas são naturais e derivam do terroir, que inclui clima, temperatura, umidade, solo e outros fatores ambientais da fazenda. A técnica de produção envolve cuidados do cultivo à colheita manual e rápida extração do óleo, geralmente em 2 a 3 horas após a colheita.

A embalagem também é um diferencial, feita em cerâmica com isolamento térmico e proteção total contra luminosidade, oxigênio e alta temperatura, que são os maiores inimigos do azeite. O dosador embutido minimiza a entrada de oxigênio após a garrafa ser aberta.

Experiência além da produção

Além da produção, a Estância das Oliveiras oferece experiências turísticas guiadas pela família, atraindo visitantes interessados em conhecer o processo e a história do azeite premiado.