A bancada evangélica deverá seguir atuando, majoritariamente, na oposição ao governo Lula. Esse, pelo menos, é o sinal mais eloquente da vitória do deputado bolsonarista Gilberto Nascimento (PSD-SP) para presidir o grupo, um dos mais expressivos do Congresso Nacional. Nascimento venceu o colega Otoni de Paula (MDB-RJ), um ex-bolsonarista e hoje neolulista – embora negue o rótulo -, por 117 votos a 61. A votação foi em cédulas, em sessão fechada, e a apuração dos votos demorou quase duas horas.

Consequências da Vitória

Se Otoni vencesse, a liderança da bancada evidentemente continuaria conservadora, mas ao menos teoricamente procuraria manter um melhor diálogo com o governo, inclusive para tentar o apoio do Planalto para a aprovação de pautas conservadoras. Após a vitória, o deputado Nascimento disse que buscará fortalecer ainda mais a atuação da bancada e promover políticas “que reflitam os valores cristãos”.

Perfis e Alianças

Nascimento e Otoni de Paula são pastores da mesma igreja evangélica, a Assembleia de Deus do ramo Madureira. Mas atuam em campos políticos opostos hoje. Nascimento, além de pastor, é delegado de polícia e defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro, sendo apoiado por lideranças evangélicas como o pastor Silas Malafaia e o deputado Sóstenes Cavalcante. O deputado Marco Feliciano também se alinhou à sua candidatura. O próprio Bolsonaro orientou os parlamentares do PL a votarem em Nascimento.

Posições Opostas

Otoni de Paula, por sua vez, foi apoiado por Silas Câmara (Republicanos-AM) e Cezinha Madureira (PSD-SP), que mantêm boas relações com o governo Lula. Otoni orou por Lula e fez elogios ao presidente durante a solenidade do Dia da Música Gospel, no Palácio do Planalto, em outubro do ano passado, o que despertou críticas de seus adversários.

A Bancada Evangélica

A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso reúne 245 parlamentares (incluindo 26 senadores), mas muitos são apenas apoiadores e não necessariamente evangélicos. Os parlamentares mais atuantes somam em torno de 120. Otoni, antes da votação, buscou apoio até de deputados não evangélicos, explicando que não votaria por não ser evangélico.