{{noticiaAtual.titulo}}

Fonte da imagem: https://otempo.scene7.com/is/image/sempreeditora/brasil-dorothy_stang-anapu-violencia-1739360052?qlt=90&ts=1739360146814&dpr=off
Duas décadas após o assassinato de Dorothy Stang, região de Anapu ainda enfrenta violência e ameaças
A atuação da missionária continua viva em meio a um cenário de desmatamento e grilagem na Amazônia.
Vinte anos após o assassinato da missionária Dorothy Stang, completados nesta quarta-feira (12), a violência como método de domínio da terra está incorporada ao dia a dia de centenas de famílias que vivem sob ameaça em assentamentos rurais na região de Anapu (PA). A área é uma das mais violentas da Amazônia em razão da persistência da grilagem e do desmatamento.
O assassinato e suas consequências
Dorothy tinha 73 anos e era agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) quando foi morta com seis tiros, a mando de dois fazendeiros e por ação de dois pistoleiros, na área de um assentamento rural, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, em Anapu. Ela atuava há mais de duas décadas em defesa da roça dos assentados, solicitando que os agentes externos ao assentamento não plantassem capim na área.
A luta contínua na região
As áreas seguem em um limbo, sem uma consolidação definitiva pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), permitindo uma pressão ininterrupta de interessados na expansão de suas terras. O instituto afirmou que o assentamento onde a missionária foi morta não tem um ato formal de consolidação, mas é considerado definitivo por um decreto de 2018, que reconhece um assentamento como consolidado após 15 anos de implantação.
Violência persistente e resistência
Famílias inteiras foram forçadas a deixar os assentamentos devido a ameaças e buscar apoio no programa de proteção aos defensores dos direitos humanos, executado pelo governo federal. Nos últimos dez anos, a CPT registrou 77 casos de conflitos por terra nos assentamentos da região de Anapu, com 16 pessoas mortas e 35 sob ameaça de morte.
A memória de Dorothy Stang
Missionárias católicas continuam o trabalho que Dorothy iniciou, como Jane Dwyer, que conviveu com ela por 15 anos e disse: "No enterro, um trabalhador gritou: -Nós não vamos enterrar a Dorothy, nós vamos plantar-". A memória de Dorothy vive, mesmo em meio à adversidade.
Questão fundiária e futuro incerto
Os conflitos são mais recorrentes em cinco assentamentos na região, incluindo o PDS Esperança, onde Dorothy foi assassinada. O Incra reconhece que a situação de alguns assentamentos ainda não é plenamente consolidada, e invasões continuam a ser registradas, com grileiros e posseiros pressionando os agricultores assentados. A atuação da pistolagem deixou as lideranças do assentamento Dorothy Stang em constante estado de alerta.