BRASÍLIA - Em uma reunião realizada na quinta-feira (30), o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) expressou sua insatisfação em relação à escassez de apoio na política de crédito destinada a pequenos agricultores, uma questão que, segundo eles, poderia amenizar a elevação dos preços dos alimentos. João Paulo Rodrigues, membro da direção nacional do MST, destacou que, "não é razoável que, de 1 milhão de agricultores, pequenos agricultores e agricultores familiares, somente 33 mil famílias tenham acesso a crédito para produzir alimento".

Críticas à Política de Crédito

Rodrigues ressaltou que a situação é preocupante, especialmente em um período de seca. "O agronegócio está se beneficiando da alta do dólar para a venda de commodities, e nós, que poderíamos aumentar a produção, estamos sem acesso ao crédito", acrescentou. Ele fez uma comparação que ilustra a gravidade da situação: "Trabalhamos constantemente com um total de 1 milhão de famílias assentadas em reforma agrária; entretanto, apenas 33 mil conseguiram acesso ao crédito. Isso representa menos de 5% da base assentada".

Demandas do Movimento

Ceres Hadish, também integrante da direção nacional do MST, mencionou que, apesar de algumas melhorias nas políticas públicas, o acesso ao crédito ainda é insuficiente. Ela indicou que o presidente Lula demonstrou preocupação com o aumento dos preços dos alimentos e que é necessário criar políticas que permitam que mais cooperativas e associações de agricultura familiar tenham acesso ao crédito, visando intensificar a produção de alimentos.

Visita de Lula e Reforma Agrária

Durante a reunião, Rodrigues revelou que Lula se comprometeu a visitar um assentamento, com a expectativa de que isso ocorra na primeira quinzena de fevereiro, quando o presidente deve retomar suas viagens pelo Brasil. O MST sugeriu um assentamento localizado em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, que produz café. “Esperamos que uma boa parte dessas viagens aconteça em áreas de reforma agrária, onde possam ser feitos anúncios importantes”, afirmou Ceres.

Insatisfação com a Reforma Agrária

O MST também criticou a política de reforma agrária do governo atual. Rodrigues se referiu ao número de famílias assentadas por ano – cerca de 1.500 – como "ridículo" e solicitou um compromisso de Lula para que 65 mil famílias sejam beneficiadas até 2025. "Estamos insatisfeitos com o programa de reforma agrária e com o que foi feito até agora. Isso está longe das nossas expectativas, mas acreditamos que é possível ajustar e corrigir a rota no futuro", concluiu.