A quinta etapa da Stock Car Brasil 2025, inicialmente programada para ocorrer em Belo Horizonte, foi transferida para Curvelo, localizada na região Central de Minas Gerais. A decisão foi anunciada em 11 de julho pela Vicar, organizadora da competição, após reunião com as equipes da categoria.

Transferência da etapa para Curvelo

Depois de ter sido retirada de Belo Horizonte e temporariamente alocada em Cascavel (PR), a etapa retornou a Minas Gerais, mas será realizada no Circuito dos Cristais, que já sediou provas da Stock Car em 2016 e 2017. As corridas estão agendadas para os dias 16 e 17 de agosto de 2025. Além da Stock Car, a abertura do TCR Brasil Banco BRB e a sétima rodada do TCR South America Banco BRB também acontecerão nas mesmas datas em Curvelo.

Cancelamento da etapa em Belo Horizonte e motivos

A etapa da Stock Car em Belo Horizonte foi oficialmente cancelada em 7 de julho, conforme comunicado da Vicar. A organização informou que a decisão decorreu de uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que requereu a suspensão do evento no entorno do Mineirão alegando preocupações ambientais e legais.

Segundo os organizadores do BH Stock Festival, apesar da ausência de evidências de impactos ambientais negativos, o MPF insiste na suspensão das vendas de ingressos por meio de um processo judicial. O festival destacou a importância cultural e os benefícios econômicos que o evento traz para a capital mineira, como geração de empregos, estímulo à economia local, atração turística e projeção internacional com transmissão para 157 países.

O BH Stock Festival garantiu que os ingressos adquiridos continuarão válidos para a nova data a ser anunciada, e que será oferecida a opção de reembolso para quem não puder comparecer, com detalhes sobre a política de devolução divulgados em suas redes sociais.

Ação do Ministério Público Federal e impactos ambientais

Em abril de 2025, o MPF solicitou judicialmente a suspensão da corrida em Belo Horizonte, fundamentando-se em uma ação mais antiga que buscava apurar possíveis impactos ambientais e o cumprimento da legislação. O órgão apontou que os níveis de ruído da corrida ultrapassariam os limites legais de 70 decibéis para áreas comuns e 55 decibéis para a região do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O MPF exigiu que os organizadores comprovassem tecnicamente a conformidade do evento com as normas ambientais, o que não havia sido feito até o momento. Também requisitou medidas eficazes de mitigação sonora, sob pena de suspensão das vendas de ingressos e da montagem da estrutura do circuito.

Riscos para a fauna e pesquisas da UFMG

O procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva alertou que a realização da corrida próxima a áreas sensíveis da UFMG, como o Hospital Veterinário, o Biotério Central e a Estação Ecológica, representa uma ameaça grave à fauna local e às pesquisas científicas. "Estudos apontam níveis de ruído suficientes para causar estresse severo e até a morte de animais em tratamento ou usados em pesquisas", declarou.

Um estudo encomendado pelo MPF indicou que as barreiras acústicas previstas pelos organizadores, de até 5 metros, seriam insuficientes para respeitar o limite de 55 decibéis em áreas hospitalares, recomendando barreiras de até 25 metros de altura e outras medidas internas na universidade.

Detalhes do traçado e críticas técnicas

O traçado da pista passaria em frente ao Hospital Veterinário da UFMG, na avenida Presidente Carlos Luz, considerado o ponto mais crítico segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. De acordo com o MPF, animais em tratamento apresentam maior sensibilidade auditiva do que humanos, sofrendo mais com o barulho.