Para além do ajuste das contas públicas, o desfecho das negociações do governo com o Congresso Nacional para aprovar uma série de projetos de interesse da equipe econômica pode impactar diretamente o projeto eleitoral do PT para 2026. Com um desempenho insatisfatório nas pesquisas de opinião, até mesmo entre os mais pobres, o presidente Lula observa os parlamentares criticarem propostas que visam cumprir promessas de campanha e reforçar discursos importantes para o partido.

Pressões e Críticas

A pressão dos setores empresariais sobre os parlamentares acentuou as críticas ao aumento da tributação, o que especialmente afeta a proposta de isentar do pagamento de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês e reduzir a carga tributária para aqueles que recebem entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. A equipe econômica sugere financiar essas medidas com o aumento da taxação para os que ganham mensalmente acima de R$ 50 mil.

Novas Propostas Fiscais

No novo pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os técnicos do governo indicaram que a intenção é aumentar a tributação preferencialmente sobre aqueles que possuem maiores rendimentos, visando também diminuir a desigualdade social. Contudo, há críticas de que essa estratégia pode elevar indiretamente o custo de fazer negócios no Brasil e desestimular a poupança a longo prazo.

Reações do Setor Empresarial

Na última semana, durante uma viagem à França, o presidente Lula recebeu um documento de entidades representativas da indústria e de setores como turismo e transporte. Nesse documento, os empresários sugerem o contingenciamento de R$ 19 bilhões, além das medidas já anunciadas. Entre as sugestões, há a limitação das deduções de gastos com saúde na declaração de IR e a reativação do programa de atualização do valor de imóveis.

Defesa do Governo

O governo, por sua vez, defende que as medidas não constituem um aumento da carga tributária, mas sim uma redução de benefícios considerados indevidos. O secretário Guilherme Mello argumentou que a sugestão de isentar os que recebem até R$ 5 mil deve ser acompanhada de uma tributação justa sobre os mais ricos, para que não haja retrocesso na distribuição de renda.

Expectativas Futuras

Apesar dos desafios políticos e das discussões acirradas com o Congresso, o ministro Haddad busca manter um diálogo aberto, acreditando que, uma vez implementadas, as medidas fiscais podem ter um impacto positivo no bolso das pessoas no próximo ano e, consequentemente, influenciar o resultado nas eleições de 2026.