O ano de 2024 foi marcante para o setor imobiliário brasileiro, estabelecendo um novo recorde em financiamentos e uma intensa atividade de vendas e lançamentos. Conforme o balanço da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), apresentado nesta quarta-feira (29), houve um incremento de 25% em comparação ao ano anterior.

Desempenho do Mercado Imobiliário

Durante a coletiva, Sandro Gamba, presidente da Abecip, declarou: "foi o melhor ano da nossa história, refletindo uma resiliência notável". O aumento na renda real dos consumidores foi um fator crucial para esse desempenho. As operações de crédito imobiliário provenientes das principais fontes de recursos da área, como a poupança e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), atingiram R$ 312,4 bilhões em 2024.

Impacto do Programa Minha Casa, Minha Vida

O programa federal Minha Casa, Minha Vida foi vital para o crescimento dos financiamentos, registrando a maior participação do FGTS até agora. O SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) também teve um desempenho positivo, crescendo 22%, especialmente em relação a imóveis usados. No entanto, a captação líquida do SBPE ficou negativa em R$ 21,7 bilhões, um contraste com os R$ 72,4 bilhões obtidos em 2023.

Expectativas para o Futuro do Setor

A elevação da Selic (taxa básica de juros), embora preocupante para o setor, ainda não se mostrou um impedimento significativo para a obtenção de crédito imobiliário, segundo a Abecip. A previsão é que os efeitos da alta da taxa comecem a ser sentidos a partir de 2025. A taxa de juros de longo prazo, especialmente a de dez anos, se estabilizou em torno de 14,7%.

Projeções de Financiamento e Valorização de Imóveis

Gamba também alertou que, caso a curva de juros continue a subir, o volume de financiamentos pode sofrer uma queda de até 20%, afetando tanto a compra de imóveis quanto o crédito para construtores. Para 2025, espera-se que os financiamentos realizados pelo SBPE se mantenham em torno de R$ 155 bilhões, considerados um dos melhores resultados da história. O financiamento com recursos do FGTS deve crescer 1%, alcançando R$ 126,8 bilhões.

Valorização dos Imóveis

Os preços dos imóveis no Brasil também se valorizaram acima da inflação em quase todas as cidades monitoradas pelo IGMI-R (Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial) da Abecip, com um aumento de 12,7% em 2024, superando o IPCA, que foi de 4,83%. Apenas cidades como Rio de Janeiro e Porto Alegre apresentaram crescimento inferior ao índice da inflação.

Conclusion

Por fim, a Abecip observa que a demanda imobiliária, que cresceu significativamente durante a pandemia, está contribuindo para essa valorização dos imóveis. Entretanto, a previsão de desaceleração no setor em 2025, aliada à possível diminuição no volume de crédito, pode impactar a valorização de forma negativa no futuro.