As vendas e os lançamentos de novos imóveis no Brasil apresentaram crescimento no quarto trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023, conforme o relatório de Indicadores Imobiliários Nacionais, publicado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). O programa Minha Casa, Minha Vida destacou-se como um dos principais impulsionadores do setor em 2024, registrando um aumento de 44,2% nos lançamentos e 43,3% nas vendas.

Aumento na Acessibilidade

Esse crescimento é atribuído ao aumento do teto do programa para R$ 350 mil e ao incremento do subsídio para R$ 55 mil, possibilitando que mais famílias adquiram imóveis. No geral, foram observados aumentos de 10,1% nos lançamentos e de 19,1% nas vendas em comparação com o mesmo período do ano anterior, com a pesquisa abarcando 221 cidades e revelando o maior número de unidades lançadas desde 2017.

Expectativas para 2025

Embora as perspectivas para a demanda imobiliária em 2025 sejam otimistas, a Cbic alerta que o ciclo de elevação da taxa de juros, a Selic, e a subsequente restrição no crédito pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) podem comprometer o poder de investimento das empresas, resultando em uma desaceleração nos lançamentos imobiliários.

Pressão nos Preços

Ademais, fatores como a escassez de mão de obra na construção civil e o aumento dos custos de matéria-prima, influenciados por variações cambiais e o contexto internacional, devem elevar os preços para os consumidores. No último trimestre de 2024, os preços dos imóveis subiram 2%, conforme levantamento da Cbic, indicando uma valorização real dos imóveis, já que o aumento superou o índice de custos na construção civil.

Desafios no Mercado

A Cbic também expressou preocupação com o possível efeito do aperto monetário nas vendas de imóveis destinados às classes média e alta. Contudo, a entidade acredita que a continuidade dos recursos do FGTS pode manter o desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida positivo em 2025. "Ainda bem que o orçamento [pelo FGTS] é o mesmo e tem a trava para imóveis usados", comentou Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

Resumo do Ano

No total, em 2024, o mercado imobiliário teve um crescimento significativo, com altas de 18,6% nos lançamentos e 20,9% nas vendas em relação a 2023, mesmo diante da pressão de juros altos e inflação persistente. A oferta final, que relaciona vendas, lançamentos e estoques disponíveis, caiu 7,8% no quarto trimestre de 2024, demonstrando uma absorção rápida da demanda reprimida. O Sudeste continuou a liderar tanto em lançamentos quanto em vendas, enquanto o Nordeste e o Norte mostraram expansões notáveis nos negócios imobiliários.