No contexto do filme "Ainda Estou Aqui", a música tem um papel fundamental na narrativa da família Paiva, que desfruta de discos de vinil e dança livremente em sua sala, antes de ser marcada pela repressão da ditadura militar que levou o patriarca à prisão e à morte.

Desafios da Tropicália

A situação financeira precária e a intensa repressão do governo militar no Brasil pós-AI-5 dificultaram a vida dos tropicalistas nos anos 70. Tom Zé, que se estabeleceu em São Paulo em 1968, frequentemente recebia apoio financeiro do amigo Valdemar, um marchand respeitado que o auxiliava em momentos difíceis. Juntos, criaram a canção "Jimmy, renda-se", que, após meio século, voltou a ser um sucesso no Spotify em decorrência do filme.

Sucesso de Bilheteira e Reconhecimento

O filme dirigido por Walter Salles, que atingiu a marca de 4 milhões de espectadores no Brasil, continua em exibição em 830 cinemas, mesmo depois de 13 semanas. A produção foi indicada a três Oscars: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres, gerando um aumento significativo nas reproduções das músicas da trilha sonora nas plataformas digitais.

Impacto da Trilha Sonora

A trilha sonora contém 18 canções, das quais 12 são brasileiras, com destaque para "É preciso dar um jeito, meu amigo", de Erasmo Carlos, que teve um aumento de streams diários, saltando de 25 mil para 120 mil após a estreia do filme. Tom Zé comentou sobre o processo criativo da canção, que faz uma crítica sutil à ditadura brasileira, dizendo: “Mas estou envergonhado com as coisas que eu vi, mas não vou ficar calado.”

Colaborações e Homenagens

As canções de Roberto Carlos e Caetano Veloso também fazem parte do filme, com uma narrativa que traz à tona a história de amizade e colaboração musical entre os artistas durante um período turbulento da história brasileira. Caetano, mesmo em exílio, continuou a influenciar a música do país, enquanto Gal Costa trouxe em seu álbum "LeGal" músicas que se tornaram clássicos.

Conclusão

O filme "Ainda Estou Aqui" não apenas revive a rica tapeçaria da música brasileira, mas também homenageia a luta e a resiliência de aqueles que viveram sob o regime militar, trazendo uma nova geração de ouvintes às obras-primas do passado.