A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou a 1,23% em fevereiro, após registrar 0,11% em janeiro, de acordo com dados divulgados nesta terça (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Analistas do mercado financeiro esperavam uma alta de 1,36% para o índice deste mês, conforme a mediana de pesquisa da agência Bloomberg. As previsões variavam entre 1,2% e 1,5%.

Maior alta desde 2016

Conforme o IBGE, essa é a maior alta do IPCA-15 desde abril de 2022 (1,73%) e a maior para um mês de fevereiro desde 2016 (1,42%). Os principais responsáveis foram os grupos Habitação, que subiu 4,34% e teve um impacto de 0,63 ponto percentual (p.p) no índice geral, e Educação, que aumentou 4,78% e contribuiu com 0,29 p.p.

Acúmulo de inflação e fatores de pressão

Com o resultado de fevereiro, o IPCA-15 acumula 4,96% de inflação em 12 meses, uma ligeira alta em relação aos 4,5% registrados até janeiro. A taxa de 0,11% em janeiro foi a menor para esse mês desde o início do Plano Real, devido a um desconto temporário nas contas de luz por conta de um bônus de Itaipu. A expectativa de retorno do bônus, aumento do ICMS sobre combustíveis e reajustes sazonais nas mensalidades escolares levaram os economistas a projetar essa aceleração do IPCA-15 em fevereiro.

Tendência para o IPCA oficial

Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do Brasil. A metodologia de cálculo é semelhante, mas a coleta de preços do IPCA-15 ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. No caso de fevereiro, a coleta foi feita entre 15 de janeiro e 12 de fevereiro. Os resultados oficiais do IPCA de fevereiro serão publicados em 12 de março.

Expectativas do mercado

O IPCA serve como referência para o regime de metas de inflação do Banco Central. A mediana das previsões do mercado indica uma alta de 5,65% para o índice oficial até o final de 2025, segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira. Esta expectativa está acima do teto da meta de inflação deste ano, que é de 4,5%. Em 2025, o Banco Central adotará um novo modelo de acompanhamento das metas, onde o descumprimento será definido quando a variação acumulada pelo IPCA ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, tendo como centro do alvo 3%.

Desafios para o governo

A inflação continua sendo uma preocupação para analistas, especialmente devido às pressões em itens de serviços e alimentos, que estão enfrentando aumentos de preços devido a fatores climáticos e a valorização do dólar. A alta dos preços dos alimentos é vista como uma das razões para a queda da popularidade do governo do presidente Lula (PT).